Em setembro de 2025, o Senado brasileiro deu um passo significativo para aliviar a carga tributária de milhões de trabalhadores. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou um projeto que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês a partir de 2026.
Mas o que isso significa para o bolso dos brasileiros? Como essa mudança impactará a economia? Este texto detalha as novas regras, seus beneficiários, impactos econômicos e os próximos passos para sua implementação, oferecendo uma visão clara e acessível sobre o tema.
O que muda na declaração do IR em 2026?
A partir de 2026, a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) terá ajustes importantes. A faixa de isenção será ampliada para rendimentos mensais de até R$ 5 mil (R$ 60 mil anuais), ante os atuais R$ 3.036, equivalente a dois salários mínimos em 2025.
Além disso, rendas entre R$ 5.001 e R$ 7.350 terão descontos progressivos, reduzindo o valor do imposto devido. Essa mudança visa corrigir a defasagem da tabela do IR, que não acompanha integralmente a inflação há anos, beneficiando principalmente a classe média.
Impacto na declaração anual
Os contribuintes com rendimentos até R$ 5 mil mensais estarão isentos de pagar IR, o que simplifica a declaração para cerca de 10 milhões de brasileiros, segundo estimativas do governo.
Para rendas entre R$ 5.001 e R$ 7.350, o desconto decrescente será aplicado automaticamente, reduzindo a carga tributária. Isso significa menos imposto retido na fonte e, consequentemente, maior renda disponível ao longo do ano.
Como funciona a nova faixa de isenção?
A nova faixa de isenção estabelece que rendimentos mensais de até R$ 5 mil não serão tributados. Para ilustrar:
- R$ 3.650,66/mês (motorista): Economia anual de cerca de R$ 1.058,71.
- R$ 4.867,77/mês (professor): Economia anual de aproximadamente R$ 3.970,18.
- R$ 6.260/mês (enfermeira): Redução anual de R$ 1.821,95 com desconto parcial.
Para rendas acima de R$ 7.350, as alíquotas atuais (7,5% a 27,5%) permanecem inalteradas. A proposta também introduz uma alíquota mínima de até 10% para rendas anuais acima de R$ 600 mil, incluindo lucros e dividendos, para compensar a perda de arrecadação estimada em R$ 25,8 bilhões em 2026.
Tributação de altas rendas
A introdução do Imposto de Renda da Pessoa Física Mínimo (IRPFM) visa corrigir desigualdades. Atualmente, contribuintes de alta renda pagam, em média, apenas 2,54% de IR devido a isenções em dividendos.
Com a nova regra, quem ganha acima de R$ 600 mil por ano terá uma alíquota progressiva de até 10%, aplicada a todos os rendimentos, incluindo os anteriormente isentos. Isso garante maior equidade tributária, alinhando o Brasil a práticas internacionais.
Quem será beneficiado com a isenção?
A isenção beneficia diretamente cerca de 10 milhões de trabalhadores e aposentados, representando 65% dos declarantes de IR. A medida atinge principalmente:
- Classe média: Profissionais como professores, motoristas, enfermeiros e autônomos com renda mensal até R$ 5 mil.
- Trabalhadores formais: Quem recebe salário via CLT e está na faixa de isenção.
- Aposentados: Pensionistas e aposentados com rendimentos até o limite estabelecido.
Estima-se que, com a redução parcial para rendas até R$ 7.350, até 16 milhões de pessoas sejam impactadas positivamente. A medida não afeta diretamente os mais pobres, já isentos, mas pode beneficiar indiretamente pelo aumento do consumo.
Quando as novas regras entram em vigor?
As novas regras entram em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026, com reflexos na declaração do IR de 2027 (ano-calendário 2026). A aprovação na CAE do Senado, em caráter terminativo, permite que o projeto siga para a Câmara dos Deputados, caso não haja recurso para votação no plenário do Senado.
A tramitação na Câmara será decisiva, com votação prevista para os próximos meses, sob relatoria do deputado Arthur Lira.
Calendário de implementação
- 2025: Tramitação e aprovação no Congresso.
- Janeiro 2026: Início da isenção e dos descontos parciais.
- Março a maio de 2027: Reflexo nas declarações do IRPF.
Próximos passos e expectativa de sanção presidencial
O projeto aprovado pela CAE (PL 1.952/2019) segue para a Câmara, onde será analisado junto ao PL 1.087/2025, proposto pelo governo. A articulação política, liderada por figuras como Renan Calheiros e Arthur Lira, indica forte apoio, com votação esperada na Câmara em breve.
Após aprovação nas duas Casas, o texto vai para sanção presidencial. O presidente Lula, que fez da isenção uma promessa de campanha, deve sancioná-lo sem vetos, salvo ajustes técnicos.
Disputa política e agilidade
A concorrência entre os projetos de Renan Calheiros e Arthur Lira reflete uma disputa política em Alagoas, mas não deve atrasar a aprovação. O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que o texto chega ao plenário com amplo apoio, reforçando a expectativa de aprovação até o fim de 2025.
Consequências econômicas da isenção
A ampliação da isenção do IR deve injetar cerca de R$ 25,8 bilhões na economia em 2026, segundo o Ministério da Fazenda. Esse montante, ao permanecer no bolso dos trabalhadores, pode:
- Aumentar o consumo: Mais renda disponível eleva a demanda por bens e serviços, beneficiando setores como varejo e alimentação.
- Reduzir desigualdades: A tributação de altas rendas corrige distorções, garantindo maior justiça fiscal.
- Compensação fiscal: A alíquota mínima para rendas acima de R$ 600 mil e a tributação de dividendos no exterior (10%) geram receita de R$ 34,12 bilhões, neutralizando perdas.
Estados e municípios não devem perder arrecadação, pois o aumento do consumo pode elevar a arrecadação de ICMS e ISS. Qualquer superávit será usado para reduzir a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), prevista na reforma tributária.
Dúvidas frequentes
Quem está isento do IR a partir de 2026? Pessoas com renda mensal de até R$ 5 mil (R$ 60 mil/ano) não pagarão IR. Rendas entre R$ 5.001 e R$ 7.350 terão desconto parcial.
A isenção vale para 2025? Não, as novas regras entram em vigor em janeiro de 2026, afetando a declaração de 2027.
Como a tributação de altas rendas funciona? Rendas acima de R$ 600 mil/ano terão alíquota mínima de até 10%, incluindo dividendos, para compensar a isenção.
Estados e municípios perderão arrecadação? Não. O aumento do consumo deve elevar ICMS e ISS, e qualquer superávit será redistribuído.
O que acontece se o projeto não for aprovado em 2025? Se sancionado em 2026, a isenção só valerá a partir de 2027, atrasando os benefícios.
Para mais informações, acesse o site Assistencialismo Notícias.