Imagine um domingo ensolarado, perfeito para uma compra de última hora no supermercado ou uma visita à farmácia. Mas e se as portas estivessem fechadas por regras trabalhistas? Um projeto de lei em tramitação no Brasil quer mudar isso, liberando o comércio aos domingos e feriados sem a necessidade de acordos coletivos.
O Projeto de Decreto Legislativo 405/23, proposto pelo deputado Luiz Gastão (PSD-CE), busca facilitar o funcionamento de lojas, mas levanta debates sobre os impactos para trabalhadores, empresas e consumidores.
O que essa mudança pode significar para o dia a dia? Este texto explica os detalhes, os prós e contras, e o que está em jogo.
O que diz o projeto de lei
O Projeto de Decreto Legislativo 405/23 propõe a liberação do funcionamento do comércio aos domingos e feriados sem a exigência de acordos coletivos entre empregadores e sindicatos. Ele revoga a Portaria 3.665/23 do Ministério do Trabalho, que determina que o trabalho nesses dias depende de negociação sindical.
A portaria, publicada em novembro de 2023, restabeleceu regras previstas na Lei 10.101/2000, alterada pela Lei 11.603/2007, exigindo acordos coletivos e conformidade com legislações municipais.

Objetivo da proposta
Segundo o deputado Luiz Gastão (PSD-CE), a portaria atual cria barreiras para o comércio, como supermercados e farmácias, ao exigir negociações sindicais. Ele argumenta que a regra pode levar à redução de empregos, queda na receita das empresas e limitação do acesso dos consumidores a produtos e serviços.
A proposta busca eliminar essas restrições, trazendo mais flexibilidade para o setor varejista.
Como funcionam as regras atuais
Hoje, o trabalho aos domingos e feriados no comércio é regulamentado pela Portaria 3.665/23, que entrará em vigor em 1º de julho de 2025. Essa norma exige que empresas do setor, como varejistas de alimentos, farmácias e concessionárias, negociem com sindicatos para autorizar o funcionamento nesses dias.
Sem acordo, as empresas devem pagar o dobro do valor da hora trabalhada ou oferecer folga compensatória, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Para domingos, a CLT prevê descanso a cada três semanas, com escala de revezamento.
Diferença entre domingos e feriados
A legislação distingue domingos de feriados. Nos domingos, o trabalho é permitido com revezamento, enquanto nos feriados, a autorização depende de convenção coletiva e leis municipais. A Portaria 671/2021, do governo Bolsonaro, havia flexibilizado essas regras, permitindo acordos individuais, mas foi considerada ilegal por contrariar a Lei 10.101/2000.
Impactos para trabalhadores do comércio
A liberação do comércio aos domingos e feriados pode trazer mudanças significativas para os trabalhadores. Por um lado, a proposta pode aumentar a oferta de turnos, gerando mais oportunidades de trabalho, especialmente para jovens ou pessoas em busca de renda extra.
Dados do IBGE mostram que o comércio varejista emprega cerca de 7,5 milhões de pessoas no Brasil (2024), e a flexibilização pode impulsionar contratações.
Por outro lado, a ausência de acordos coletivos preocupa. Sem negociações sindicais, trabalhadores podem perder benefícios, como pagamento em dobro ou folgas compensatórias. Imagine um funcionário de supermercado trabalhando todos os feriados sem compensação justa – como isso afeta a qualidade de vida?
Opinião de sindicatos e entidades
Sindicatos, como a CUT, defendem a Portaria 3.665/23, argumentando que ela protege os trabalhadores ao exigir negociações coletivas. Para Julimar Roberto de Oliveira, da CUT, a medida alinha-se à Lei 10.101/2000, garantindo que empregados tenham voz nas condições de trabalho.
Já entidades como a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) resistem à portaria, apontando aumento de custos operacionais.
A deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), autora do PDL 411/23, similar ao projeto de Gastão, destaca que o comércio movimenta 5,7 milhões de empresas no Brasil, sendo essencial para a economia.
Possíveis mudanças para consumidores
Para o consumidor, a aprovação do projeto pode significar mais conveniência. Supermercados, farmácias e lojas abertas aos domingos e feriados facilitam o acesso a produtos essenciais. Pense em uma emergência médica em um feriado – uma farmácia aberta pode fazer toda a diferença.
No entanto, se os custos trabalhistas aumentarem sem acordos coletivos, as empresas podem repassar esses valores aos preços, afetando o bolso do consumidor.
Comparativo com outros países
Em países como os Estados Unidos, o comércio funciona livremente aos domingos e feriados, com poucas restrições trabalhistas. Já na Alemanha, o funcionamento nesses dias é limitado, priorizando o descanso coletivo. No Brasil, a proposta alinha-se ao modelo americano, mas ignora aspectos culturais, como a valorização do descanso dominical.
Como equilibrar conveniência e bem-estar? Cada país adapta suas regras às suas necessidades, e o Brasil precisa considerar seu contexto social.
Próximos passos na tramitação
O Projeto de Decreto Legislativo 405/23 teve sua urgência aprovada em novembro de 2023, permitindo votação direta no Plenário da Câmara, sem passar pelas comissões. Se aprovado, seguirá para o Senado. A tramitação rápida reflete a pressão do setor comercial, mas o debate segue aquecido.
A votação estava prevista para junho de 2025, mas pode ser adiada devido a negociações entre governo, empresários e sindicatos.
Dúvidas frequentes
- O que é o Projeto de Decreto Legislativo 405/23? É uma proposta que permite o funcionamento do comércio aos domingos e feriados sem acordos coletivos, revogando a Portaria 3.665/23.
- Quando a nova regra entrará em vigor? Se aprovado, o projeto pode entrar em vigor após aprovação na Câmara e no Senado, mas não há data confirmada.
- Como os trabalhadores serão afetados? A proposta pode aumentar empregos, mas também pode reduzir benefícios, como pagamento em dobro ou folgas compensatórias.
- O que acontece se o projeto não for aprovado? A Portaria 3.665/23 entrará em vigor em julho de 2025, exigindo acordos coletivos para o trabalho em feriados.
- Consumidores pagarão mais caro? Possivelmente, se as empresas repassarem custos trabalhistas aos preços dos produtos.
O Projeto de Decreto Legislativo 405/23 busca facilitar o funcionamento do comércio aos domingos e feriados, mas divide opiniões. De um lado, promete mais empregos e conveniência; de outro, levanta preocupações sobre os direitos dos trabalhadores e possíveis aumentos de preços.
A tramitação está em andamento, e o desfecho dependerá do equilíbrio entre interesses de empresas, trabalhadores e consumidores. Como você acha que essa mudança pode impactar sua rotina? Vale a pena priorizar a conveniência ou proteger o descanso dos trabalhadores?
Para mais informações, acesse o site o ASSISTENCIALISMO NOTÍCIAS.