Se você recebe aposentadoria por invalidez ou melhor dizendo, aposentadoria por incapacidade permanente, pode ser que, em algum momento, surja uma dúvida inquietante: será que eu posso voltar a trabalhar? E se eu melhorar? Posso arriscar alguma atividade sem perder o benefício?
Essas perguntas são mais comuns do que parece. Afinal, a vida muda, o corpo pode responder a tratamentos e, muitas vezes, a vontade de voltar à rotina ou simplesmente complementar a renda bate forte. Mas a resposta para essas dúvidas precisa ser pensada com muito cuidado. Vamos falar sobre isso de um jeito claro e direto, pra você entender o que pode, o que não pode e o que fazer, caso queira mudar de rumo.
O que é essa tal aposentadoria por incapacidade permanente?
Esse benefício é pago a quem não tem mais condições de trabalhar, por conta de alguma doença ou acidente. Mas não basta se sentir incapaz: é o INSS quem avalia e confirma essa condição, por meio de uma perícia médica. Só depois desse laudo é que a aposentadoria é concedida.
E se a pessoa quiser ou precisar voltar a trabalhar?
Essa é a grande questão. A verdade é que, pela regra atual, quem decide retornar ao trabalho automaticamente perde o direito ao benefício. Isso vale tanto para empregos formais quanto para qualquer atividade autônoma ou por conta própria. E não informar isso ao INSS pode trazer dor de cabeça: além do cancelamento, você ainda corre o risco de ter que devolver todo o valor recebido nesse tempo, com juros e correção.
Mas existe alguma forma de voltar sem problema?
Existe sim. Se você sente que sua condição melhorou, o primeiro passo é procurar o INSS e agendar uma nova perícia médica. Esse é o caminho legal para avaliar se ainda existe incapacidade ou não. Caso o médico confirme que você está apto, o benefício é encerrado de forma correta e você pode, então, retornar ao mercado de trabalho sem pendências com o INSS.
E se eu quiser apenas fazer algo leve, como um trabalho voluntário ou um hobby que me ajude emocionalmente?
Boa notícia: isso é possível! Desde que você não receba nenhum pagamento por isso e que a atividade não comprometa sua saúde. Atividades como ajudar em uma instituição, participar de grupos comunitários ou se dedicar a um hobby, como jardinagem ou artesanato, são bem-vindas. Aliás, muitas vezes essas ações ajudam no bem-estar mental, tão importante quanto o físico.
Existe algum programa de reabilitação para quem quer voltar aos poucos?
Sim! Em certos casos, o próprio INSS reconhece que o segurado recuperou parte da capacidade e propõe a chamada reabilitação profissional. Nesse processo, o benefício continua sendo pago enquanto a pessoa se prepara para voltar ao mercado, geralmente em uma função diferente da anterior e adaptada à nova realidade.
Quais cuidados eu preciso tomar antes de voltar a trabalhar?
Antes de tudo, procure orientação jurídica. Um advogado especializado em previdência pode orientar você em cada etapa do seu caso. Além disso, é fundamental agendar a perícia no INSS para dar andamento ao processo. Não comece nenhuma atividade remunerada antes disso, por mais simples que pareça. Trabalhar sem autorização pode ser interpretado como fraude e isso ninguém quer.
Planeje-se
A ideia de voltar à ativa é totalmente compreensível. Mas quando se trata de aposentadoria por incapacidade, qualquer passo precisa ser dado com segurança. O INSS tem regras claras, e segui-las é o melhor caminho para evitar prejuízos.
Se você se sente melhor, quer retomar a rotina ou apenas entender melhor seus direitos, busque ajuda, informe-se e tome decisões com base no que a lei permite. Porque, mais do que manter ou encerrar um benefício, o que importa é garantir dignidade, tranquilidade e segurança seja em casa ou no trabalho.